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  • tatiana messer rybalowski

Ligações, conexões & relações: estamos mesmo vivendo o aqui e o agora?

Atualizado: 21 de mai. de 2020


Hoje vivemos num mundo globalizado onde todos se comunicam e todos sabem de tudo que acontece em tempo real. Fatos, notícias e informações.


Desde muito tempo atrás, sempre entendi que tudo tem níveis, estratos.


Profundidades.


Relacionamentos que podem se transformar em conhecidos, colegas ou amigos.


Dados que podem se transformar em informações, conhecimento ou sabedoria.


Tudo é uma questão de dedicação e tempo. O imediatismo não faz parte dessa construção.

A despeito do mundo hoje nos vender que tudo é possível - imediatamente - a experiência nos mostra que não é bem assim. Assim como cuidar de um jardim requer dedicação e tempo, assim acontece com os relacionamentos. E o saber.


A aceleração atual diminui a capacidade de ficar. De estar presente, de viver o aqui e o agora. Sempre há algo a mais a ser visto, algo a mais a ser feito. E a compulsão por ver algo a mais e por fazer algo a mais acaba gerando sensação de angústia e frustração, já que se percebe que isso é impossível e que devemos fazer escolhas, abrir mão de algumas coisas.


O virtual nos impele a sempre estar conectado e a mente dificilmente consegue ficar serena.

Estar no mundo físico nos ajuda a entender melhor o valor das coisas (e do tempo) e saber lidar melhor com as individualidades e limitações e consequentes prazeres e frustrações. A analogia do jardim é um bom exemplo, pois traz o contato com a realidade de cores, cheiros, pesos e sensações que permitem entender as riquezas características da alteridade.


As relações atuais, no entanto, virtuais e sem a presença do outro, não nos permitem sentir a alteridade de forma real. As relações são meramente uma forma de comunicação, em que relacionamentos são substituídos por conexões. As ligações são entre iguais que buscam a concordância, que buscam likes. A não concordância é facilmente tratada com o arrastar de um dedo.


As conexões que tanto nos fazem sentir sempre acompanhados, a bem da verdade, nos fazem sentir cada vez mais sós, pois são como uma forma de relação consigo mesmo. O arrastar do dedo para deletar o contato que discorda é uma abolição da realidade para supostamente não sentir e lidar com as diferenças e continuar visualizando e se conectando somente ao que gosta, proliferando o mesmo, nunca o diferente ou o outro.


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